sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O rabo


Percebi que os homens
se preocupam
mais com o rabo dos outros
do que com o deles próprios

Na verdade, nada mais
o homem
é tão obcecado pelo rabo alheio
que se esquece de limpar o seu

Seria cômico
se não fosse trágico

terça-feira, 7 de setembro de 2010

50

O bom poema
é aquele que demoramos
50 segundos para ler
50 minutos para interpretar
50 dias para refletir
E 50 anos para esquecer

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mais um desabafo do que algo relevante

não gostei da mudança do orkut
vivia reclamando que o mundo cinza era horrível
mas não aguento mais calças coloridas

meu relógio quebrou
e eu não fiquei nada feliz

isso prova
que minha vida
não passa de uma banalidade


me sinto fútil

mas o orkut ficou uma droga
penso em parar de usa-lo

1° de setembro

Nada como um melancólico primeiro de setembro
Para descobrirmos que as coisas não são
realmente as coisas. São os males, somente
as trevas que a formam. Incluse as pessoas.

Quero conhecer meu verdadeiro lugar
Não é este aqui.Qual é minha função aqui?

Srvir de palhaço?
Servir de poeta?
Servir de resto?

Pois todos leem as minhas palavras
Todos escutam, letra por letra


Mas ninguém me conhece


Quem é você, amigo?
Qual sua função?


Sim, amigo, todos temos uma função
E todos vamos morrer, assim que concluirmos



Pois ninguém vive mais que o necessário

Rascunhos e Rabiscos

Era uma vez um garoto. Desde de sua infância, sempre teve amizade singular com o lápis e o papel. Quer dizer, foi o primero a escrever textos por conta própria. E único a escrever porque necessitava. Com o passar do tempo, este garoto foi fazendo e até mesmo criando novos amigos, mas o lapis era indispensável e o papel, insubstituivel.
Acontece que este novos amigos racionais do garoto não gostavam de escrever. Não gostavam de livros. Brigavam com palavras, cuspiam nos textos e chamavam o garoto de louco. Talvez só no último fato eles tivessem razão.
E o garoto descobriu o teatro. E a paixão pelas palavras, letras, virgula por virgula, crescia, crescia, crescia. Mas o garoto esqueceu de amar os seres racionais. Os humanos, as pessoas. Esqueceu. E o mundo esqueceu dele.
E no teatro, encontrou a oportunidade de fugir deste esquecimento coletivo. Estava dando certo. Via que textos, poemas, livros, ganhavam vida atraves de atores. Oh, os atores. Até descobrir que era horrível em teatro. Mas o vício não cessou.
Ele só não se esqueceu de uma pessoa. Pessoa, inclusive, que se esqueceu dele. a menina de seus olhos. Aquela que seu peito apertava toda vez que a via, todo dia. Que era o motivo que o mantinha animado a se levantar da cama. Sua vida, sua vida, seu sentimento. Aquela que era o único motivo para o garoto sorrir. E mais tarde, chorar.
Seus textos foram ficando cada vez mais tristes, cada vez mais mortos. E o garoto foi tomado por impulsos, descobriu que a vida era muito mais do que uma passagem, era a vida, afinal. Viu que nem todos pensavam como ele. E lutou até o último suspiro defendendo aquilo que chamava de justiça.
E sua alma morreu em uma quarta feira, à tarde. Fazia sol. Morreu pois viu que seus textos ganharam mais importancia. Seus pensamentos faziam mais sentido do que ele mesmo. E sua garota ainda não percebera que era a causa desta sua loucura.